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terça-feira, 17 de novembro de 2015

DELÍRIO - Por Olavo Bilac.


DELÍRIO 
POESIA ERÓTICA DE OLAVO BILAC

Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia: 
Mais abaixo, meu bem, quero o seu beijo!
Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia, 
E os seus seios tão rígidos, mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.
.
Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
Mais abaixo, meu bem!? num frenesi. 
No seu ventre pousei a minha boca, 
Mais abaixo, meu bem!? disse ela, louca, 
Moralistas, perdoai! Obedeci...
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Nicéas Romeo Zanchett 

LEIA TUDO SOBRE O AMOR EM > AMOR E SEXO SEM PRECONCEITOS



segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

CANÇÕES DE UM VIANDANTE - Por Uhland


O ADEUS
Adeus amor, adeus, querida! 
Hoje é força me ausentar, 
Dá-me um beijo, só um beijo!
Pra sempre te vou deixar!
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Uma flor, uma florzinha
Vai colher-me em teu jardim!...
Pelo fruto, ai! não espero, 
Nunca há de ser para mim! 
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EVITAR E SEPARAR
E devo então evitar-te, 
Delícias de minha vida!
Tu beijas-me assimagera
E eu abraço-te, ó querida. 
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Evitar acaso é isto, 
Quando ardentes nos beijamos? 
Separar é isso acaso, 
Quando assim nos abraçamos? 
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AO LONGE
Vou descansar à sombras destas árvores, 
Dos pássaros me apraz doce trinar...
Que comoção eu sinto ao vosso canto!
De nosso amor, ó pássaros, tão santo, 
Tão longe o que sabeis neste lugar? 
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Vou descansar à margem deste arroio, 
Onde exalam as flores grato odor. 
Ó flores, quem vos trouxe ao descampado? 
Sois acaso um penhor idolatrado
Que venho achar aqui de meu amor? 
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CANÇÃO MATINAL
Ainda a luz do sol se não presente, 
No escuro vale ainda alegremente
O sino matinal não se ouve ecoar. 
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Na selva extensa nenhum sons vagueiam!
Só em sonhos os pássaros chilreiam,
Nenhum canto o silêncio vem quebrar. 
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No entanto aqui, há muito, na campina
Já esta cançoneta matutina
Compus e modulei, soltei-a ao ar. 
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A PARTIDA
Abandonei emfim essa cidade
Em que eu ha longo tempo residia, 
Veloz atravessei as ruas
E fi-lo sem parar, sem companhia
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Ninguém me deu puxões pelo casaco, 
Com o que muito mal do meu vestido!
Tão pouco por extremos de saudade
Ninguém as minhas faces há mordido. 
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A ninguém fez despertar do brando sono
O ter eu de partir de madrugada; 
Não quero mal por isso aos outros todos
Ela só me afligiu - a minha amada!
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A POUSADA
Recolheu-me, não ha muito, 
Uma hospedeira excelente; 
A divisa - um pomo de ouro
De um alto ramo pendente. 
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Era bela macieira
Quem me deu acolhimento, 
E no suco de seus frutos
Tive um ótimo alimento.
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Leves hóspedes alados
À sua pousada chegaram,
E ali em pleno banquete
A exultar se regalaram. 
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Achei cama primorosa
Na macia e verde alfombra,
Minha coberta - a hospedeira
Com a sua fresca sombra.
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Pedi-lhe a conta... Ela a copa
Agitou com doce mimo. 
Bendita sejas pra sempre
Da raiz até ao cimo! 
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O REGRESSO
Não te quebres, pinguelo...estremeces!
Não desabes, ó rocha, em pedaços! 
Terra e céu, não roleis ao abismo
Sem que eu chegue  a cingi-la em meus braços!
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BREVE BIOGRAFIA 
            Luis Uhland foi um poeta lírico alemão; nasceu em Tubingen a 26 de Abril de 1787 e morreu na mesma cidade a 13 de Novembro de 1862. Tomou uma parte muito ativa na vida política da Suabia e no movimento nacional que agitou a Alemanha em 1848. Poeta seco, mas perfeito, as suas canções e baladas figuram entre as mais famosas da literatura alemã, tendo algumas das suas poesias líricas chegado a ser cansões populares do povo germânico e merecendo o nome que lhe deram de "clássico dos românticos". Publicou: Gedichte und Dramem (Poesias e Dramas), 1876; Schriftem zur Geschicht der Dichtung und Sage (Escritos sobre a história da poesia e da lenda), 1865 - 1873, etc. 
Nicéas Romeo Zanchett 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

SONETOS - Por Moniz Barreto


SONETOS 
"Ver... e do que se vê logo abrasado
Sentir o coração de um fogo ardente, 
De prazer um suspiro de repente
Exalar, e apos ele um ai magoado.
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Aqui que não foi ainda logrado,
Nem será talvez, lograr na mente; 
Do rosto a cor mudar continuamente, 
Ser feliz e ser logo desgraçado; 
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Desejar tanto mais quão mais se prive
Calmar o ardor que pelas veias corre, 
Já querer, já buscar que ele se ative;
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O que isto é, a todos nós ocorre: 
- Isto é amor, e deste amor se vive;
- Isto é amor, e deste amor se morre."
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"Morre no prado a flor; a ave nos ares 
Ao tiro morre de arcabuz certeiro;
Morre o dia o esplêndido luzeiro; 
Morrem as vagar nos quietos mares;
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Morrem os gosto; morrem os pesares; 
Morre oculto na terra o vil dinheiro; 
De encontro ao peito, que as apara inteiro, 
Morrem as setas dos cruéis azares; 
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Morre a luz; morre o amor; morre a beldade; 
Na virgem morre a cândida inocência;
Morre a pompa, o poder; morre a amizade.
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É de morte sinônimo a existência; 
No mundo é só perene a são verdade; 
"Só não morre a virtude, a inteligência."
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É o seu rosto gentil, sua figura, 
Da criação archetipo mimoso;
Quanto vemos de belo e majestoso
Resume-se na sua formosura.
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Estrela que em céu límpido fulgura, 
Rosa aberta em vergel delicioso, 
Não tem o encanto do seu talhe airoso, 
De seus olhos a luz serena e pura.
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Nela, conta a artística afouteza,
Contra o pincel dos homens em sarcasmo
Quis ao mundo atirar a natureza.
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E o mundo inteiro estremeceu de pasmo, 
Quando rara saiu sua beleza
Das mãos de Deus no ardor do entusiasmo.
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Foi ela quem num cândido sorriso
A lira me afinou, que hoje é só pranto; 
Foi ela que dos olhos ao quebranto
Iluminou-me na alma um paraíso!
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Foi ela que exaltou-me de improviso
De amor ao céu, nos voos do seu canto; 
Foi ela!... e agora à fímbria do alvo manto
Fugir não sei, sabendo que é preciso!
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Foi ela!... zelo atroz cavou-me fundo
O peito, e já não vejo como alcance-a 
Para beijar-lhe o resplendor jocundo!
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Foi ela... Deus, me tira desta ânsia!
Prende as asas da sílfide que ao mundo
Irmã da luz, baixou da eterna estância!
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BREVE BIOGRAFIA
             Francisco Moniz Barreto foi um poeta brasileiro que nasceu na vila de Jaguaribe, Bahia, a 10 de Março de 1804 e faleceu a 2 de Junho d 1868. Considerado um poeta muito fecundo e repentista; foi cognominado de o Bocage brasileiro, escreveu inúmeras poesias, elegias, epístolas e sátiras. 
Nicéas Romeo Zanchett