O TEMPO E A VIDA
Por Nicéas Romeo Zanchett
Escultura de Romeo Zanchett
Pelas paredes do tempo
saudoso pendurei meus sonhos.
E na minha idade tão vivida
senti novos sonhos brotarem,
novas esperanças, e novo amor.
Sem esquecer o passado
construí minha saudade e
vi sonhos de ontem fugirem .
Um aroma espiritual min'alma invade.
No salgueiro do seu jardim
vi novos sonhos brotarem.
O sabiá apaixonado
modula cantos de amor.
E as rosas do jardim florido
enfeitam meu caminho infantil
com olhos turvos de ternura e deleite.
Lábios rubros,
Lábios sensuais,
Lábios sensuais,
lábios sedutores.
Sinto a embriaguez da paixão
e min'alma excita meu corpo.
O prazer de viver volta e me invade
em leito de glória e gozo.
Nessa vida que tão breve passa
voa o tempo para os amantes.
Pitangueiras e chorões me dão saudade
do mundo de outrora esquecido.
Na abençoada manhã de prazer,
o gosto de furtivo beijo, beijo de amantes.
De corpo e alma mergulho no prazer,
Prazer de amantes.
Prazer de amantes.
Nesta cama improvisada e passageira,
cama de amantes,
cama de amantes,
min'alma bem aventurada
descansa livre e serena.
Nas frescas manhãs de primavera
quando o orvalho cobre as folhas
quero-a dormindo entre meus braços
até o sol acordar e brilhar sobre a relva
que derrete em verdes plantas.
A lua chora feliz quando beijo seus olhos,
num mundo real repleto de gozos.
No céu azul desmaiam as estrelas;
a névoa desdobra o manto da noite.
Entre sombras e luzes que se fundem
despertam avezinhas gentis.
E o relinchar dos felizes corcéis
que correm pelos campos verdejantes
com o brilho do esplendor luzidio.
Os anjos ainda velam seu sono
e seu corpo alvo e sedoso
que enlouquece meu desejo
de tocar, acariciar, beijar, sentir e amar.
Nicéas Romeo Zanchett