O ADEUS
Adeus amor, adeus, querida!
Hoje é força me ausentar,
Dá-me um beijo, só um beijo!
Pra sempre te vou deixar!
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Uma flor, uma florzinha
Vai colher-me em teu jardim!...
Pelo fruto, ai! não espero,
Nunca há de ser para mim!
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EVITAR E SEPARAR
E devo então evitar-te,
Delícias de minha vida!
Tu beijas-me assimagera
E eu abraço-te, ó querida.
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Evitar acaso é isto,
Quando ardentes nos beijamos?
Separar é isso acaso,
Quando assim nos abraçamos?
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AO LONGE
Vou descansar à sombras destas árvores,
Dos pássaros me apraz doce trinar...
Que comoção eu sinto ao vosso canto!
De nosso amor, ó pássaros, tão santo,
Tão longe o que sabeis neste lugar?
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Vou descansar à margem deste arroio,
Onde exalam as flores grato odor.
Ó flores, quem vos trouxe ao descampado?
Sois acaso um penhor idolatrado
Que venho achar aqui de meu amor?
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CANÇÃO MATINAL
Ainda a luz do sol se não presente,
No escuro vale ainda alegremente
O sino matinal não se ouve ecoar.
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Na selva extensa nenhum sons vagueiam!
Só em sonhos os pássaros chilreiam,
Nenhum canto o silêncio vem quebrar.
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No entanto aqui, há muito, na campina
Já esta cançoneta matutina
Compus e modulei, soltei-a ao ar.
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A PARTIDA
Abandonei emfim essa cidade
Em que eu ha longo tempo residia,
Veloz atravessei as ruas
E fi-lo sem parar, sem companhia
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Ninguém me deu puxões pelo casaco,
Com o que muito mal do meu vestido!
Tão pouco por extremos de saudade
Ninguém as minhas faces há mordido.
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A ninguém fez despertar do brando sono
O ter eu de partir de madrugada;
Não quero mal por isso aos outros todos
Ela só me afligiu - a minha amada!
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A POUSADA
Recolheu-me, não ha muito,
Uma hospedeira excelente;
A divisa - um pomo de ouro
De um alto ramo pendente.
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Era bela macieira
Quem me deu acolhimento,
E no suco de seus frutos
Tive um ótimo alimento.
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Leves hóspedes alados
À sua pousada chegaram,
E ali em pleno banquete
A exultar se regalaram.
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Achei cama primorosa
Na macia e verde alfombra,
Minha coberta - a hospedeira
Com a sua fresca sombra.
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Pedi-lhe a conta... Ela a copa
Agitou com doce mimo.
Bendita sejas pra sempre
Da raiz até ao cimo!
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O REGRESSO
Não te quebres, pinguelo...estremeces!
Não desabes, ó rocha, em pedaços!
Terra e céu, não roleis ao abismo
Sem que eu chegue a cingi-la em meus braços!
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BREVE BIOGRAFIA
Luis Uhland foi um poeta lírico alemão; nasceu em Tubingen a 26 de Abril de 1787 e morreu na mesma cidade a 13 de Novembro de 1862. Tomou uma parte muito ativa na vida política da Suabia e no movimento nacional que agitou a Alemanha em 1848. Poeta seco, mas perfeito, as suas canções e baladas figuram entre as mais famosas da literatura alemã, tendo algumas das suas poesias líricas chegado a ser cansões populares do povo germânico e merecendo o nome que lhe deram de "clássico dos românticos". Publicou: Gedichte und Dramem (Poesias e Dramas), 1876; Schriftem zur Geschicht der Dichtung und Sage (Escritos sobre a história da poesia e da lenda), 1865 - 1873, etc.
Nicéas Romeo Zanchett